sábado, 4 de outubro de 2008

Simplicidade

Simplicidade é isso: quando o coração busca uma coisa só.

"Jesus contava parábolas sobre a simplicidade.
Falou sobre um homem que possuía muitas jóias, sem que nenhuma delas o fizesse feliz. Um dia, entretanto, descobriu uma jóia, única, maravilhosa, pela qual se apaixonou. Fez então a troca que lhe trouxe alegria: vendeu as muitas e comprou a única.

Na multiplicidade nos perdemos: ignoramos o nosso desejo.
Movemo-nos fascinados pela sedução das 10.000 coisas. Acontece que, como diz o segundo poema do Tao-Te-Ching, “as 10.000 coisas aparecem e desaparecem sem cessar.“
O caminho da multiplicidade é um caminho sem descanso. Cada ponto de chegada é um ponto de partida. Cada reencontro é uma despedida.
É um caminho onde não existe casa ou ninho.
A última das tentações com que o Diabo tentou o Filho de Deus foi a tentação da multiplicidade: “Levou-o ainda o Diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a sua glória e lhe disse: ‘Tudo isso te darei se prostrado me adorares.’“
Mas o que a multiplicidade faz é estilhaçar o coração.
O coração que persegue o “muitos“ é um coração fragmentado, sem descanso.
Palavras de Jesus: “De que vale ganhar o mundo inteiro e arruinar a vida?“ (Mateus 16.26).

Sabedoria é a arte de degustar.
Sobre a sabedoria Nietzsche diz o seguinte: “A palavra grega que designa o sábio se prende, etimologicamente, a sapio, eu saboreio, sapiens, o degustador, sisyphus, o homem do gosto mais apurado. “A sabedoria é, assim, a arte de degustar, distinguir, discernir.
O homem do saberes, diante da multiplicidade, “precipita-se sobre tudo o que é possível saber, na cega avidez de querer conhecer a qualquer preço.“ Mas o sábio está à procura das “coisas dignas de serem conhecidas“. Imagine um bufê: sobre a mesa enorme da multiplicidade, uma infinidade de pratos. O homem dos saberes, fascinado pelos pratos, se atira sobre eles: quer comer tudo. O sábio, ao contrário, para e pergunta ao seu corpo: “De toda essa multiplicidade, qual é o prato que vai lhe dar prazer e alegria?“ E assim, depois de meditar, escolhe um...

A sabedoria é a arte de reconhecer e degustar a alegria. Nascemos para a alegria. Não só nós. Diz Bachelard que o universo inteiro tem um destino de felicidade.

O Vinícius escreveu um lindo poema com o título de “Resta...“ Já velho, tendo andado pelo mundo da multiplicidade, ele olha para trás e vê o que restou: o que valeu a pena. “Resta esse coração queimando como um círio numa catedral em ruínas...“ “Resta essa capacidade de ternura...“ “Resta esse antigo respeito pela noite...“ “Resta essa vontade de chorar diante da beleza...“. Vinícius vai, assim, contando as vivências que lhe deram alegria. Foram elas que restaram. As coisas que restam sobrevivem num lugar da alma que se chama saudade.
A saudade é o bolso onde a alma guarda aquilo que ela provou e aprovou.
Aprovadas foram as experiências que deram alegria.
O que valeu a pena está destinado à eternidade.
A saudade é o rosto da eternidade refletido no rio do tempo.
É para isso que necessitamos dos deuses, para que o rio do tempo seja circular: “Lança o teu pão sobre as águas porque depois de muitos dias o encontrarás...“

Oramos para que aquilo que se perdeu no passado nos seja devolvido no futuro. Acho que Deus não se incomodaria se nós o chamássemos de Eterno Retorno: pois é só isso que pedimos dele, que as coisas da saudade retornem.

Sabedoria é a arte de provar e degustar a alegria, quando ela vem. Mas só dominam essa arte aqueles que têm a graça da simplicidade. Porque a alegria só mora nas coisas simples..."

(Concerto para corpo e alma, pg. 09.)

O elo das oportunidades

Há pouco tempo, minha vida profissional precisava ser imediatamente direcionada e a escolha era apenas minha. Como criança chorei. Em instantes cresci e fiz a minha escolha... com a alma dolorida no sentimento da perda resolvi dar um passo para trás em tudo. Deixei São Paulo, a escura cidade de São Paulo que mal me acolheu para retornar ao colo da minha Terra...
voltar a viver e conviver no mesmo lugar de onde sai com tanta vontade de vencer...
Aqui a cidade continua a mesma apenas as pessoas mudaram. Amigos antigos se casaram e hoje não dispõe do mesmo tempo de antigamente quando conversávamos ao sabor do bom café...novos amigos apareceram e me fazem rir muito, confesso.
...na cidade fria também deixei o trabalho (meio concluido) com a dupla sertaneja restando apenas os meus projetos no futebol e a assessoria de comunicação na medicina veterinária.

Hoje, passados exatamente 2 meses tenho em minhas mãos e em minha vida tudo de volta... a TV, o escritório para o trabalho com a música (que tanto amo) e algumas pessoas que fazem a total diferença daquilo que ficou em São Paulo para o que existe agora.

São 23h30 neste momento e estou trabalhando por aqui, em casa a meia luz no meu aconchegante apartamento.
No pensamento alguém não deixa de me acompanhar e mesmo distante posso sentí-lo ...como se aqui agora estivesse. Mas não quero explicações, não agora porque elas não farão nenhuma diferença...sentí-lo me basta agora.

O dia de ontem foi difícil mas iniciei a minha escrita aqui hoje para falar dele.
Reunião importante e complicada na manhã da sexta feira. No final (e quem diria que ela iria acabar...) foi tudo bem. Segui ao final do dia para a Record. Sem grandes compromissos me reuni com a diretoria da Record internacional ao lado da minha futura sócia...o projeto é vitorioso mas exige muito trabalho e boas parcerias. Acho que conseguimos.

Entrar naquela Emissora ontem e sentir o corpo gelar ao olhar aquele estúdio foi sensacional sabe por que?
Naquele estúdio, naquela correria de câmera 1,2 e 3...produção pra lá e pra cá, diretor aos berros porque precisava da perfeição da tua equipe, o público de olhos arregalados com o que viam, extasiados com a ilusão bem ali á frente deles...a minha vida, a minha escolha há tempos... e tudo gelou porque ainda não fazia parte daquele contexto, apenas estava em reunião com a diretoria comercial..............

Mágico depois disso é continuar caminhando, voltar à minha cidade de escolha e continuar o trabalho.
Sabendo que o final dele será ali, exatamente ali naquele estúdio, só não agora!

E no meio de tudo senti falta de alguém ali pra dividir o que escrevi aqui. Apenas um oi pelo telefone mesmo eu precisava lhe dar...como se bastasse para ter dividido tudo o que se passou comigo numa simples tarde de sexta feira.

A vida como ela é...

Sábado...final de dia e uma vontade incrível de dizer que meu coração está em paz agora.

Ouço Tim Mac Graw.

Penso em quem ainda não vi, um alguém que me tira o sono no meio da madrugada e me faz sentir-me inteira depois disso...uma voz, uma leitura, um rosto, uma cor e um sentimento...

Quem sou eu

Minha foto
Brazil
Comunicadora Apresentadora de televisão